quarta-feira, 9 de junho de 2010

INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO: cinco pontos a ponderar

Por Paulo Cesar Bastos
Na nossa sociedade contemporânea em que o desenvolvimento é determinado pelo nível de geração de conhecimento, inovar é mais do que preciso. Para inserir as nossas empresas brasileiras no mercado global e sobreviver no mercado local, cada vez mais competitivo, a melhoria da taxa de inovação é fundamental.

Para isso, no entanto, é preciso mais ação e menos locução. Tornam-se necessárias as mudanças dos hábitos tradicionais, muito conservadores e pouco inovadores . Precisam ser criados os ambientes propícios a essa transformação cultural e empresarial.

Para inovar não basta escrever e falar, precisa-se refletir para bem atuar. Como colaboração ao importante tema, seguem cinco ponderações que não devem ser interpretadas como únicas e definitivas. Na verdade, são pontos de discussão e de partida para a imprescindível inovação.

1-Precisamos de um aprimoramento produtivo e de cultura de negócios que estimule o associativismo e o empreendedorismo para desenvolver a capacitação, a cooperação, a comunicação, o compromisso e a confiança, os caracteres da competitividade que formam os 5C, as modernas ferramentas para um progresso inovador, interiorizado e de forma sustentável.

2- Para encontrar a raiz da equação do progresso é necessária a interação do saber científico e acadêmico com as demandas tecnológicas do setor produtivo, a sistematização dos conhecimentos tradicionais e a definição das estratégias sustentáveis. O conhecimento científico precisa sair das estantes e das memórias dos computadores para chegar à sociedade como tecnologia desenvolvimentista.

3-É fundamental a implementação de um processo de cooperação e compartilhamento do conhecimento técnico entre a academia e a empresa como uma resposta ao desafio de que um maior avanço científico do país produza resultados práticos. Isso não significa dizer que as universidades percam a sua identidade, mas que passem a ser, também, ambientes de inovação tecnológica com visão de sustentabilidade.

4-O processo de formação dos novos engenheiros deverá passar por uma nova visão. Alem de uma sólida formação científica, o chamado modelo politécnico, as escolas de engenharia devem incluir a inovação como questão determinante na formação do novo engenheiro. A responsabilidade social e ambiental, a ética, a gestão e o empreendedorismo devem ser incluídos, também, nessa formação. O engenheiro deve ser o elemento-chave para a condução das inovações tecnológicas aos setores econômicos da sociedade. Precisamos valorizar as ações, os produtos e processos e não somente as palavras.

5-Precisamos encontrar os nossos próprios caminhos. Não podemos esquecer, no entanto, que a dependência tecnológica é a forma contemporânea de subserviência à dominação. O engenho da inovação deve processar o conhecimento para construir a usina do progresso que será um inovador Brasil democrático, tecnologicamente avançado, economicamente desenvolvido, socialmente justo e ambientalmente sustentável. * Paulo Cesar Bastos é engenheiro civil e produtor rural -
paulocbastos@bol.com.br (http://www.beefpoint.com.br/)